segunda-feira, 24 de junho de 2013

VODUNS E OS FILHOS DO LEOPARDO DE DAOMÉ

Nã Agotimé: A Saga de uma Rainha

 

A saga de Nã Agotimé é pura magia. Representa a força dos elementos naturais transformando a vida que se transforma em culto.
Desde tempos imemoriais se cultuava os voduns da família real do Daomé, hoje Benim. Um Clã mágico e místico iluminava o continente negro, numa época de uma África conturbada por guerras tribais em busca do poder. Muitos reis passaram e o Daomé, que era apenas uma cidade, tornou-se um país.

No palácio Dãxome, reinava Agongolo. O rei tinha como segunda esposa a rainha Agotimé e dois filhos (Adandozan, do primeiro casamento, e Gezo, nascido de Agotimé).

No momento de sua morte, o rei elegeu seu segundo filho para sucedê-lo no trono, mas a sua ordem foi desconsiderada e Adandozan assumiu o trono como tutor de Gezo. Abomey tornou-se vítima de um governo tirânico e cruel.

Mágica e Magia. A rainha era conhecida em seu reino pelas histórias que contava sobre seus ancestrais e sobre o culto aos reis mortos. Guardava os segredos do culto a Xelegbatá, a peste. Detentora de tais conhecimentos, o novo rei tratou de mantê-la isolada, acusando-a de feitiçaria, e não hesitou em vendê-la como escrava.

Em Uidá, grande porto de venda de escravos, Agotimé foi jogada nos porões imundos de um navio e trazida para o Brasil. 

O sofrimento físico da rainha, traída e humilhada, era uma realidade menor, pois o seu espírito continuava liberto e sobre as ondas a rainha liderou um grande cortejo, atravessando o mar.

Desse episódio se forjou um dos elos que une a África ao Brasil. Chegou ao novo continente um corpo escravo, mas um espírito livre, pronto para cumprir a sua saga e fazer ouvir daqui o som dos tambores Jejes.

Seu primeiro destino foi Itaparica, na Bahia, porto do seu destino e terra santa do conhecimento. Vinda de uma região onde poucos escravos se destinavam ao Brasil, Agotimé se deparou com muitos irmãos de cor, mas não de credo.

No seu encontro com os Nagôs teve o seu primeiro contato com os Orixás, e através deles a Rainha escrava teve notícias de seu povo. Por eles soube que sua gente era chamada Negros-Minas e foram levados para São Luís do Maranhão. Contaram que não tinham local para celebrar o seu culto, pois esperavam um sinal de seus ancestrais. Agotimé logo entendeu por quem esperavam.

Dessa forma a rainha chegou ao Maranhão. Terra da encantaria e de forte representação popular. Os tambores afinados a fogo e tocados com alma por ogãs, inspirados por velhos espíritos africanos, ecoam por ocasião das festa e pela religião. 

Foi no Maranhão que Agotimé, trazida para o Brasil como escrava, voltou a ser Rainha. Sob orientação de seu vodum, fundou a “Casa das Minas”, de São Luís do Maranhão, em meados do século XIX.

Para contar essa história, trilhando caminho inverso ao de Nã Agotimé, e com uma exposição fotográfica sob a forma de portraits, o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos viajou ao Benin acompanhado do antropólogo africano Hippolyte Brice Sogbossi.

A proposta do Projeto é realizar uma pesquisa e documentação fotográfica da atual situação de terreiros e seus respectivos chefes no Benim e no Maranhão. Para tanto, foram entrevistados e fotografados personagens de reconhecida importância no cenário do culto aos voduns, com a finalidade de traçar um paralelo entre os Sacerdotes africanos e os Chefes de Terreiros do Tambor de Mina do Maranhão.

No Benin, num período de 25 dias, foram visitadas as cidades de Cotonou, Abomey, Allada, Ouidah, Calavi e Porto Novo. O Projeto “Zeladores de Voduns e outras Entidades do Benin ao Maranhão” foi aprovado no Edital de Apoio à Produção Cultural do ano de 2008 da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.

Márcio Vasconcelos é fotógrafo profissional independente e há mais de uma década vem se dedicando a registrar as manifestações da Cultura Popular e Religiosa dos afro-descendentes no Estado do Maranhão. 

Hippolyte Brice Sogbossi é beninense e radicado no Brasil há mais de 10 anos. Doutor em Antropologia Social e professor da Universidade Federal de Sergipe.
Grete Pflueger




fonte:http://evanspires.wordpress.com/2010/08/


Davice- Família de Voduns


Tambor de Mina - Culto Jêje (Ewe Fon)

A Família de Davice reúne os voduns da família real do Abomé, no antigo Daomé, atual Benim, e é composta dos seguintes voduns:
 
Nochê Naê, Mãe Naê - a vodum mais velha e ancestral mítica do clã.
 
Zomadônu - o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji. Zomadônu é filho de Acoicinacaba. 
 
Acoicinacaba (Coicinacaba) - pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
 
Dadarrô - chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor dos homens de dinheiro. 
 
Naedona (Naiadona ou Naegongom) - esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó.
 
Arronoviçavá - irmão de Naedona é cabinda (mas considerado jeje por outras casas).
 
Sepazim - princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói Daco, que é toqüém.
 
Daco-Donu - marido de Sepazim, pai de Daco.
 
Daco - filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém. 
 
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) - jovem cavaleiro, boêmio, poeta, compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
 
Doçupé - filho de Doçu. Toqüém. 
 
Nochê Decé - filha de Doçu. Toqüém.
 
Nochê Acuevi - filha de Doçu. Toqüém.
 
Bedigá - também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
 
Apojevó - filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
 
Nochê Nanim (Ananim) - filha adotiva de Dadarrô criou Daco (neto de Dadarrô) e Apojevó (seu irmão mais novo).

A Casa das Minas
 
 
A Casa das Minas, localizada na rua de São Pantaleão, é o terreiro de religião africana mais antigo de São Luís. Fundada no século XIX, é uma casa de culto aos voduns, entidades espirituais do antigo reino africano do Dahomé, atual República do Benin.
O pesquisador Pierre Verger defendeu a hipótese de que a Casa tenha sido fundada por Nã Agotimé, da família real de Abomé, esposa do rei Agonglô (século XIX) e mãe do Rei Guezo vendida como escrava por Adandozan que ocupou o trono do Daomé após o falecimento de Agonglô.
A memória oral da Casa das Minas, por sua vez, registra que a fundadora da Casa foi Maria Jesuína, africana consagrada ao vodum Zomadônu, o dono da Casa das Minas. Dentre os voduns cultuados na Casa, figuram, além da família real de Davice, à qual pertence Zomadônu, muitos voduns de outras famílias: Dambirá, Quevioçô, Aladanu e Savalunu, hospedadas na casa por Zomadônu.

O Leopardo do Benim
 
 
O Benim, uma das antigas capitais do reino Ioruba, teve sua origem entre os Adjá. 
 
Seu povo fala a língua Fon e vive atualmente ao sul do Benin e do Togo.
São conhecidos na história através de seu reino, o Daomé, e na Diáspora pelo vodu. 
 
Esse reino deu lugar a uma forma própria de arte: os famosos "bronzes de Benim".
 
O Reino do Daomé, atual Republica do Benim, teve sua origem lendária na cidade-reino Adjá de Tadô (ou Sadô).
 
Agassu, Agassou foi seu herói mítico e fundador da linhagem dos kpòvi (filhos do leopardo). 
 
Segundo a tradição ele foi gerado pela princesa Alìgbonon, filha do rei da cidade Adjá de Tadô ou Sadô, às margens do Rio Mono, no atual Togo, depois de um encontro com um leopardo. 
 
 
 

 http://claudio-zeiger.blogspot.com.br/2012/04/davice-familia-de-voduns.html

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